Coco Chanel

Fico pensando como foi importante chegar às 7 horas da manhã lá na Gávea numa ruazinha simpática e sem saída e entrar numa fila pra comprar esta máquina de costura.

Já havia várias pessoas no local pra minha surpresa. Na fila, fui conversando com algumas pessoas até descobrir quem tinha o número 01. Era um homem simpático que não tinha intenção em comprar nada especificamente divulgado no site Venda em residência.

Eu conversei com ele se poderia pegar a máquina de costura pra mim. Ele disse que se estivesse no caminho dele, faria isso.

Quando chegou a hora de pegar a senha definitiva às 9h, meu número era 11, se não me engano. Assim, às dez horas abriram a casa e entramos em

fila.

A máquina não estava mais exposta. Fiquei meio triste, mas de repente o moço veio e me disse:

– Ei, olha aqui a sua máquina!

Eu sorri e o agradeci demais.

– Como posso ajudá-lo? – perguntei

Ele disse que estava tudo bem. Levei-a para um local para teste e a princípio ela não estava respondendo no encaixe da bobina. A dona da casa muito calma, me falou:

– Essa máquina era da minha filha que agora mora em Portugal. Mas ela foi comprada na França, na época que foi estudar moda em Paris. Você vai precisar do transformador, pois ela é 220 volts. Vou pegar pra você.

Sorri pra a mãe da moça e disse:

– Eu estou estudando moda e fico feliz que sua filha também tenha estudado moda.

E ela completou:

– Ela é uma excelente máquina. Vou falar com minha filha que vc a comprou. Ela ficará feliz!

Às vezes, as pessoas tem medo de comprar algo de segunda mão, mas eu não. Procuro ver os detalhes e se tiver alguém que entenda melhor ainda. Assim que paguei a máquina, o moço que a pegou pra mim, me ofereceu carona. Aí eu fiquei com receio.

– Eu sou uber!  Pra onde vc vai?

– Ipanema.

– Eu moro do lado!

Ofereceu carona pra mais um

senhor que estava no local também e que ele conhecia.

– Ele trabalha comprando e revendendo produtos na Praça Quinze, disse.

Aceitei a carona acreditando que ali estava realmente uma boa pessoa.

Ao chegar na frente do meu prédio, fiz questão de entregar um valor pela corrida.

Ele recusou duas vezes.

E disse:

– Faca. Bom Proveito! Fique bem!

Eu, de certa forma,  fiquei envergonhada em pensar por algum momento que no mundo não existem mais pessoas boas principalmente desconhecidas.

Nunca mais vi este moço. Alguns podem chamá-lo de anjo. Eu prefiro pensar nele como um carioca que me fez um bem danado! Ou talvez, os dois.

Quando coloquei a máquina de costura na mesa, batizei-a de Coco Chanel pelo fato de ter vindo da França. Chamei meu conhecido que conserta minhas máquinas e ele me ensinou tudo no funcionamento dela.

Decretou: – Ela está perfeita!

A partir desta aquisição costurei as peças que entreguei nas aulas de Modelagem. Minha mãe costurou nela. E ela me ajuda tanto nesta pandemia! É uma parceira que tenho gratidão imensa por me ajudar a fazer as máscaras doadas e vendidas.

Gratidão

Assim que pude,  comprei uma overlock – uma máquina que faz um outro tipo de ponto que a costura reta não faz. Batizei ela de Zuzu Angel.

Coco e Zuzu são parte da minha vida. A costura faz parte de mim.

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