Retratos de Dinda Lú

Sempre que via as fotos reveladas, impressas e enviadas pelo correio dos meus filhos em Brasília, tinha o remetente da minha comadre. Dinda Lú.

Era 1997 e os filhos iam visitar o avô Babum e Dinda Lú que, com o passar do tempo, se transformou num sítio cheio de árvores frutíferas, cantinhos com balanço e escorrega, patos, galinhas, cães e gatos. Parquinho Tatá e Teteu.

Vivenciei o início deste lugar de terra vermelha e cheia de ideias e amor. Eu cheguei a voltar algumas vezes e, no momento que não estava mais presente, Dinda Lú registrava os momentos e enviava pelo correio. Era ela com sua letra linda e com palavras amorosas esquentando meu coração de mãe que aprendia a dividir os filhos pequeninos.

Penso hoje, que aquela alegria da Dinda Lú com sua máquina fotográfica querendo tirar fotos de tudo e de todos era a vibração do encontro que era fixado e estampado no papel. Ela era acolhimento em forma de gente. Uma escuta amorosa e uma gentileza inigualável.

Eu daqui do Rio tinha certeza, que os meus filhos estavam seguros e alegres, pois ela estava por lá.

Neste último Natal, montei a árvore e enfeites, como de costume, e procurei reorganizar todos os cartões de Natal que havia recebido até então. Coloquei um quadro de cortiça e pendurei alguns cartões de natais passados guardados com muito carinho e cheios de palavras tocantes. Eu admito não ter tido coragem de descartar.

Pois bem, de tantos cartões de Dinda Lu e Babum, há uma carta de 2001 que guardo até hoje com um sentido maior do significado do Natal. ,

O casal dedicou aquele ano a não comprar nenhum presente e, no lugar disso, promoveram a doação à uma instituição.

Neste amor imenso que estrapola família, Dinda Lú, a comadre querida partiu hoje pra uma jornada maior. O seu caminho plantado de flores, fotos e muito amor nos proporcionou o afeto que precisávamos.

Hoje é bem um dia de despedida do corpo, do olhar, da voz, mas fica muito mais dentro de nós. Dinda Lú que sorte ter tido você no meu caminho. Que honra ter tido você com seu coração gigante como comadre. Seu amor não parte. Ele continua conosco. Gratidão por tanto.

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